Categoria 1 | Bianca Madruga
“Num primeiro movimento os trabalhos trazem uma noção de horizonte. Talvez por uma espécie de dupla cidadania da palavra, que diz respeito tanto a um tempo quanto a um espaço.Também por haver aí um diálogo potencialmente frutífero com a história da relação do humano com a alteridade, mas ainda, e principalmente, porque ao que parece essa noção tem organizado, num certo sentido, o modo com o qual se pensa coletivamente uma ideia de futuro. ‘Ele (o horizonte) não oferece à vista senão uma parte da paisagem ou das coisas, das quais ele sonega ao olhar a face oculta. Ele só lhes dá um contorno provisório, sempre suscetível de ser substituído: as coisas sempre nos são dadas por esboços sucessivos e o horizonte da paisagem recua na medida em que se avança em direção a ele. É um limite em aberto, não uma cerca’ (Michel Collot, 2016).
Quando digo horizonte me refiro a um estado de coisas que diz respeito tanto ao tempo/espaço quanto a um modo de narrar. Pensar o perto e o distante, o contorno das significações em diversas regiões da vida, o que pode ser dito, o impossível da linguagem, seus restos. Começa a se desenhar uma ideia de itinerário que traria corpo a esses afetos. Pensando na ideia de itinerário, o método é o desvio. Porque parece que todo esse trabalho parte de um desejo de aprender a ver e, ao mesmo tempo, há uma grande luz (a luz do pensamento hegemônico) que asfixia o olhar. E é mesmo sob o signo da cegueira que parece se encontrar o presente. O trabalho se coloca sempre nesse lugar de desvio, de propor uma disrupção na pretensa neutralidade dos espaços, geografias, limites, fronteiras.”
Bianca Madruga.
Título | Relógio que atrasa não adianta, 2021 |
Artista | Bianca Madruga |
Técnica |
Performance transmitida ao vivo |
Duração | 3h |
Aquisição | Prêmio 67o Salão Paranaense |
No de Registro |
Bianca Madruga
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduada em Filosofia e mestre em Estética e Filosofia da Arte pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutoranda em Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Além de artista visual, Bianca é gestora cultural do espaço A MESA. Desde 2015, o projeto A MESA abrigou mais de 26 exposições, de diversos artistas e curadores, debates, encontros de poesia e ações pela cidade.