Estratos-cúmulus é um tipo de nuvem com aparência estável mas que apresenta instabilidade em seu interior. A obra Estratos Cúmulos é feita de várias camadas de filó e uma última camada sobre a qual aplico bordados: os bordados em máquina de costura foram feitos por mim e reproduzem fotos de meus familiares; e os bordados manuais foram feitos pela artesã Suely Piccioni e pelas senhoras da Associação São Roque, comunidade do Bairro Guaraituba, Curitiba - PR.

Eu vejo essa obra como um diálogo com minha família, com tios, mãe, avós, bisavós. Esse diálogo remete à vida, à realização, à insatisfação, às reuniões, às confraternizações desses familiares com suas questões, que em certo momento não foram faladas, porque o racismo era um tema tabu, que não podia ser tratado. São diálogos que não existiram, por isso a obra é como um conto imaginário com personagens reais.

Claudia Lara, 2021.

Claudia Lara nasceu em Curitiba (PR) em 1964. Graduada em Educação Artística pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e pós-graduada em História da Arte Moderna e Contemporânea pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Participou de exposições individuais e coletivas na América Latina, Europa e Estados Unidos, além de premiações em salões de arte do Paraná, São Paulo e Paris, França.

Em 2005 fez sua primeira exposição individual pela Secretaria de Cultura do Estado do Paraná, denominada “Retalhos que Pertencem”. Entre 2014 e 2017 participou do 65º e 66º Salão Paranaense do MAC Paraná. Em 2015 esteve em uma residência em Madri, Espanha, realizando uma exposição na cidade de Córdoba e oficinas para alunos do J. E. Newman College Internacional. A partir de 2018 fez parte da criação do Coletivo Ero Ere – Mulheres Artistas, em Curitiba (PR), e em 2019 participou da exposição coletiva “Ero Ere: Negras Conexões”, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná. 

Possui em seu currículo palestras para alunos de faculdades do Estado e escolas da rede municipal de Curitiba e oficinas para museus. Organizou projetos de criação e execução em cenografia e figurinos para teatro no Paraná. Atualmente faz parte da primeira galeria de arte racializada do Brasil, a Diáspora Galeria, com curadoria de Alex Tso e Luciara Ribeiro.