Categoria 3 | Eliana Brasil
A performance propõe uma reflexão ao público por meio de ação que alude à letra da música “A Carne”, composta por Seu Jorge, Marcelo Fontes do Nascimento e Ulisses e interpretada por Elza Soares. Com vestimenta de gala, a artista Eliana Brasil percorrerá um longo tapete vermelho, carregando uma bandeja e outros utensílios de prata até uma mesa coberta com toalhas brancas. Sobre a mesa já estará um cardápio do tipo menu e um jogo de prato e sousplat. A artista irá depositar a bandeja sobre a mesa, retirar de dentro de ervas cujas finalidades terapêuticas sejam curar feridas que serão simbolicamente servidas com óleos também cicatrizantes.
A artista, de posse de referências artísticas e teóricas, se expressará na tentativa de estabelecer uma reflexão sobre a “a carne mais barata do mercado", cuja metáfora reflete a realidade da população negra que vive, em todos os aspectos sociais, sob o peso do racismo estrutural. Condição que segundo todas as estatísticas atinge em maior grau as mulheres negras, as maiores vítimas de feminicídio, violência obstétrica, física e sexual, além de ocuparem os cargos menos remunerados dentro da cadeia produtiva.
Os objetos simbólicos utilizados na performance remetem ao luxo e ao requinte, porém o corpo presente questiona o conceito de valor e tensiona e a ideia de território. A bandeja, feita para servir, transporta elementos de cura utilizados nas religiões africanas e em conhecimentos ancestrais para servir a um prato único.
Eliana Brasil
Título | Carne nobre, prato do dia, 2019 |
Artista | Eliana Brasil |
Técnica | Intervenção urbana; Performance |
Duração / Tamanho | 20' a 30' |
Aquisição | Prêmio 67o Salão Paranaense |
No de Registro |
Eliana Brasil
é mineira de Belo Horizonte e radicada no Paraná há duas décadas. A artista é graduada em Artes Visuais pela UFPR e sua pesquisa se desenvolveu sobre as razões da invisibilidade artística e intelectual da mulher negra na História da Arte brasileira, com atenção especial ao cenário paranaense. Sua poética aborda afetos, memórias e sobretudo a autoafirmação e identidade da mulher negra. A artista se expressa por meio da performance e instalações pensando as possibilidades de intersecção da arte têxtil com as linguagens do desenho, pintura e escultura.